Saúde

SAÚDE E HIGIENE NA COZINHA

A preocupação com a manutenção da saúde e a prevenção de doenças estão intrinsecamente relacionados aos hábitos diários em nossos lares. Um dos locais onde as donas de casa passam grande parte do tempo é a cozinha.
É na cozinha que se manuseiam e se preparam os alimentos que farão parte da nossa nutrição, portanto, o cuidado com a limpeza do local e com a manipulação dos alimentos são imprescindíveis, pois a cozinha é o ponto de encontro preferido das bactérias e o lugar mais propício para sua multiplicação.
Devemos nos lembrar que saúde e higiene andam sempre juntas, assim, alguns procedimentos domésticos são necessários para que a cozinha não se transforme em um verdadeiro laboratório de reprodução de microrganismos e o local privilegiado para a transmissão de doenças alimentares, o que, sem dúvida, pode causar sérios danos à saúde da família.
A falta de higiene é a causa de doenças veiculadas por alimentos (DVA), tais como: infecções, intoxicações e toxinfecções alimentares. As mais comuns são as estafilococcias, causadoras de vômitos e náuseas, as intoxicações por Clostridium, que causam diarreias e cólicas, a salmonelose, que provoca diarreia, vômito, febres, entre outras, além da intoxicação por Clostridium Botulinum, causadora do botulismo, que pode levar à morte.
Listaremos, a seguir, alguns esconderijos preferidos das bactérias na cozinha e os cuidados a serem tomados para se evitar sua proliferação.
A pia é o primeiro criadouro destes seres unicelulares. Local onde costumamos lavar frutas, hortaliças e todo tipo de alimento. Normalmente se colocam lado a lado louças sujas e embalagens vazias, alimentos recém lavados, além da lixeira, onde se encontram os dejetos menores: tampas, rótulos, fósforos, bagaços e outros.
Não existe local menos indicado para lixeiras do que a pia. As lixeiras devem estar localizadas no chão, com pedal e forradas com saco plástico. Além disso, precisam ser desinfetadas todos os dias, com o intuito de se exterminar os eventuais focos de micróbios e a atração para insetos como baratas e formigas.
O ralo da pia, por outro lado, deve ser higienizado diariamente com água fervente e detergente, seguidos de um copo de água sanitária ou água ozonizada (água com ozônio, que é um dos maiores bactericidas existentes).
As comunidades de Salmonella spp que provocam quase uma semana inteira de diarreia, vômito e febre e as cepas de Listeria monocytegenes responsáveis por abortos em mulheres grávidas, passam pelo ralo da pia. Daí a necessidade de se manter a pia limpa e seca o máximo possível, incluindo a higienização do ralo.
Um outro erro que se comete na cozinha é colocar alimentos no escorredor da pia.Juntam-se copos, talheres limpos, pratos e o pé de alface, a couve e hortaliças que acabaram de chegar da feira ou do supermercado. O que ocorre, é que os germes podem saltar das folhas verdes para a louça lavada ou para as mãos das donas de casa, o que, consequentemente, contribui para a disseminação das espécies indesejadas.
A esponja é um outro vilão da cozinha. De acordo com pesquisas, uma única gota tirada de uma esponja de cozinha pode acumular 450 milhões de bactérias, muitas de origem fecal. Ou seja, sem os devidos cuidados, o mesmo apetrecho com o qual se lava a louça pode abrigar uma cultura de micróbios e, entre eles, aqueles que só crescem na presença de fezes. Dessa forma, é imprescindível que a esponja seja desinfetada todos os dias em uma solução de um litro de água e duas colheres de sopa de água sanitária. Mesmo assim, ao final de 07 dias, essa esponja deverá ser descartada.
Outra falha que se comete na cozinha é a utilização do mesmo pano de pia, geralmente sujo e úmido, por dias ou até meses. Esse pano constitui em uma verdadeira usina de germes, e quanto mais úmido estiver, tanto melhor para os micróbios. Se o pano for mantido seco, os micróbios podem permanecer ativos por até 24 horas, ao passo que se permanecer sempre úmido na pia, eles resistirão por até 03 dias.
Um equívoco bastante comum em se tratando de focos de sujeira na cozinha é a utilização do pregador de roupas para fechar pacotes de bolacha ou sacos de pão, feijão, farinha, entre outros.  Muitas vezes o pregador acabou de sair do varal, onde teve contato com passarinhos, insetos, animais, poeira, chuva, podendo inclusive ter caído ao chão e ter sido roído por cachorros ou servido de brinquedo a gatos. Vê-se, portanto, que o pregador na cozinha, a menos que seja utilizado somente para tal fim, só servirá como depósito e “taxi de luxo” para as bactérias.  
A Tábua de cortar alimentos na cozinha, a colher de pau e o rolo de abrir massa de madeira ou de plástico já amarelado e todo riscado são exemplos de utensílios inadequados para uso doméstico. É importante lembrar que a lavagem da madeira com água e sabão não é aconselhável, já que utensílios de madeira não se limpam nem se desinfetam, são domínio das bactérias e elas não podem ser de lá retiradas. Isso ocorre porque a madeira é composta de células e torna-se um excelente refúgio para os microrganismos que a penetram e passam a se multiplicar lá dentro. Cobrir a tábua, a colher de pau ou o rolo de abrir massa com água fervente não resolve o problema, pois o calor que se infiltra na madeira perde temperatura até chegar nos bichinhos e não os mata. Uma análise laboratorial em uma tábua de madeira em uso constante certamente acusará a presença de milhões de bactérias, muitas de origem fecal. As bactérias oriundas de fezes é ameaça de verminoses e outras doenças cujos sintomas comuns são: diarreia, vômito ou febre, na maioria dos casos.
Uma opção é a substituição da tábua de madeira pela de plástico, no entanto, esta deve ter um período útil, não podendo se tratar de um material hereditário, que passe de pais para filhos. Ao começar a amarelar e riscar, deve ser prontamente substituída.
Outro hábito comum nas casas e que pode gerar doenças é a ingestão de comida que ficou mais de 02 horas em cima da pia ou do fogão. Comida que ficou na panela, em cima do fogão, por horas ou dias a fio viram colônia de microrganismos, um banquete para eles. A comida deve ser colocada na geladeira e o máximo que o alimento pode permanecer em temperatura ambiente são duas horas. Passado esse tempo, é preciso colocar na geladeira, em recipientes plásticos, ou de vidro, mas sempre descobertos, pois o refrigerador funciona como uma fábrica de ventos gelados e é preciso dar condições para que esse vento roube o calor dos alimentos. Por esse motivo, os alimentos só devem ser tampados depois de duas horas na geladeira.
A atenção a essas observações, deixando o alimento perecível por tempo inferior a 2 horas a temperatura ambiente, refrigerando o alimento mesmo quente e descoberto, tampando após duas horas, já reduz em si, em mais de 80% a possibilidade de pegar uma doença veiculada por alimentos (DVA). Se passar do tempo, o alimento deve ser descartado.
Em suma, hábitos que muitas vezes passam desapercebidos, ou que às vezes não damos importância, por desconhecer suas interferências em nossa saúde são determinantes na prevenção de doenças e na manutenção de nossa saúde e bem-estar. A observância de hábitos de higiene na cozinha poderá poupar famílias de vários casos de mal-estar, internações hospitalares e até de doenças que levam à morte. Nesse caso, a higiene é sempre bem-vinda.
 
Biomédico - CRBM - DF 5978
Habilitação em Patologia Clínica.
Especialista em Acupuntura e Estética.
Responsável Técnico da Clínica Ser Integral - Brasília DF. 
Membro:
WALT - Word Association For Laser Therapy.
ABIOMAC - Associação Biomédica de Acupuntura.
 
REFERÊNCIAS:
FIGUEIREDO, Roberto Martins; BELLUOMINI, Roberta. Dr. Bactéria: um guia para    passar sua vida a limpo. S. Paulo: Globo, 2010.
FIGUEIREDO, Roberto Martins. Xô bactéria! S. Paulo: Manole, 2012.

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